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Depois das janelas e portas de Lucia Koch no fim do ano passado e das intervenções em listras e quadrados de Daniel Buren entre março e abril, a Galeria Nara Roesler do Rio de Janeiro segue na linha de exposições que debatem a apropriação do espaço e a relação com arquitetura em Fatos Arquitetônicos, individual de Eduardo Coimbra. A mostra, que fica em cartaz de 08.05 a 05.06.2015, traz cerca de onze obras inéditas, realizadas especialmente para a exposição.

 

Dando continuidade a pesquisas recentes, Coimbra vai reinterpretar intervenções realizadas antes em espaços públicos, como a Praça Tiradentes, no Centro do Rio, e o CCBB de Brasília. Formadas por cubos-caixas vazados e em grandes dimensões, esses trabalhos compõem a série Esculturas, dialogando tanto com o urbanismo quanto com os transeuntes.

 

Dentro da galeria, a relação com a arquitetura ganha uma dimensão mais sutil. As obras da nova série, Fatos Arquitetônicos, são relevos de parede, formados por áreas e volumes retangulares ou quadrados, com superfícies brancas, pretas ou listradas de branco e preto. Esses relevos, dispostos no plano vertical das paredes, oferecem ao espectador uma visão aérea frontal de um aglomerado de elementos cúbicos e planos superpostos que remetem a organizações urbanas imaginárias. A criação de maquetes é uma prática presente há muito no vocabulário do artista.

 

O preto, o branco e as listras são assumidos por seu minimalismo, sua neutralidade. Como uma terceira cor, as listras criam ritmos visuais que ampliam o efeito perceptivo de distâncias e profundidades dos elementos arquitetônicos. Nas esculturas em grande escala, as superposições desses planos geravam espaços a serem percorrido pelo corpo. Já nos novos relevos é o olhar do espectador que percorre as superfícies e descobre caminhos e relações entre os elementos.

 

No espaço expositivo da galeria, os Fatos Arquitetônicos são posicionados nas paredes como acontecimentos individuais num grande cenário de fundo. As paredes dessa sala têm suas superfícies tomadas por linhas e planos pretos, brancos e listrados, trazendo para o espaço físico da galeria as relações presentes no interior dos relevos. Impregnando o espaço, Coimbra estabelece a subversão da continuidade panorâmica plana das paredes com os relevos aplicados no plano vertical.

 

O conjunto é formado por quatro relevos de 90 x 90 x 16 cm, e um maior de 135 x 225 x 25 cm. Seu formato e organização interna estabelecem relações diretas com as linhas e planos pintados nas paredes. Completa a exposição outra nova série de trabalhos, os Fatos Geométricos. Também de parede, são seis peças que tensionam a fronteira entre desenho e objeto. Realizados em branco e preto, assim como os Fatos Arquitetônicos, são compostos apenas por linhas retas e planos em alto e baixo relevo. Esses trabalhos, de 40 x 40 x 5 cm, estão instalados num espaço estreito de paredes altas e brancas, criando um ambiente muito mais silencioso que a sala inicial.