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A artista britânica Melanie Smith, atualmente radicada na Cidade do México, exibe o desenvolvimento de sua pesquisa cromática tendo como tema o embate entre a natureza e a civilização. Na exposição Fordlandia que vai de 18 de novembro a 1 de fevereiro, são exibidos um vídeo e pinturas de sua produção atual.

 

Fordlândia, o vídeo, é homônimo à região de mais de 14 mil metros que Henry Ford (1863-1947), industrial norte-americano do ramo automobilístico, comprou nos anos 1920 no estado do Pará, às margens do rio Tapajós. Hoje correspondente ao município de Aveiro, a região era então uma cidade destinada a crescer com a exploração da borracha para fazer os pneus dos carros da Ford, como alternativa ao látex explorado na Malásia.

 

Com o choque cultural entre os trabalhadores nativos e os executivos norte-americanos, a condição de infertilidade do solo e a inexperiência estrangeira no plantio das seringueiras, o empreendimento foi um total desastre. Com isso, a região, que deveria tornar-se uma cidade próspera, foi abandonada, deixando em seu rastro as ruínas das construções que, aos poucos foram invadidas pela vegetação densa.

 

Em sua pesquisa pictórica cuja base é o uso da cor, Melanie Smith se apropria de uma gama de verdes em que a floresta surge como massa espessa e soberana, sem a ideia conciliatória que norteia o pensamento ecológico atual. Nas pinturas de Smith, a floresta não se dobra ao capricho humano, é antes um enorme organismo vivo.

 

O vídeo faz o contraponto do verde com elementos como caminhões, concreto envelhecido e estradas cortadas em meio à floresta, que antes de se submeter ao impulso civilizatório do homem, impõe-se em sua potência de resistência e reintegração. Estar na floresta é desistir do impulso totalitário da cultura na constante luta pela adaptação entre as características naturais e urbanas.