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Desde o começo dos anos 90, os trabalhos da artista gaúcha radicada em São Paulo são interações com a arquitetura: alterações na luz ambiente que provocam mudanças sensíveis na percepção do espaço. Desta vez, porém, não se trata de um projeto de intervenção. No endereço convencional da Galeria Nara Roesler, em São Paulo, a artista Lucia Koch apresenta trabalhos inéditos nos quais reapresenta os materiais inventados para intervenções realizadas nos últimos dez anos, dispostos em expositores industrializados e "catalogados" por padrões e tipos de materiais. Cada conjunto/mostruário é uma obra autônoma, que possui configurações variadas, pois seus painéis podem ser movidos pelo observador. A mostra Materiais de construção começa na vitrine da galeria e se completa na sala de exposições. 

Na vitrine, o publico verá Entulho (2012) uma caixa gradeada que contém o acúmulo de sobras de cortes em chapas de materiais diversos, feitos pela artista ao longo de dez anos. Os padrões vazados nas placas de acrílico ou MDF foram desenhados a partir da observação de elementos arquitetônicos reconhecíveis, e estes materiais foram usados em intervenções em espaços de museus e galerias, e também em ambientes domésticos. Neste trabalho todas as peças que restaram dos cortes, antes guardadas e organizadas por tipo, forma e material, são misturadas irreversivelmente.

Para receber Materiais de construção, o espaço da galeria será convertido em show-room, ocupado por displays de metal com painéis deslizantes, como os encontrados em lojas para as amostras de pisos cerâmicos, laminados, portas, etc. Nesses expositores são guardados e exibidos os variados materiais de construção da artista, criados ao longo de anos de produção, e pensados para arquiteturas especificas: chapas recortadas a laser com padrões vazados em acrílico ou madeira; telas translúcidas com degradês impressos; fotografias de paredes fictícias compostas a partir de imagens de azulejos e pastilhas, colecionadas na observação contínua de fachadas das cidades que frequenta.

Em Materiais de construção as peças não são instaladas na arquitetura, o lugar é suprimido” – adianta a artista. Cada display ali contém um conjunto de possibilidades de uso destes materiais, realizadas ou não - acervo exposto ao público, que pode experimentar a saturação da diversidade e da sobreposição das peças em movimento.